Como este blog já havia antecipado em 24 de maio, o desfecho da novela entre Salatiel de Souza e a TV Ponta Negra estava escrito fazia tempo.
Os sinais eram claros, os bastidores gritavam — e agora a demissão apenas confirma o que todo mundo do meio já sabia: Kelps Lima vinha afagando o ego de Micarla de Souza há meses, e ninguém faz carinho político de graça.
Kelps e a prefeita Nilda já pediam a cabeça de Salatiel desde o pleito passado. A derrota apertada — menos de 3 mil votos — deixou marcas profundas no grupo político que hoje manda e desmanda em Parnamirim.
Para eles, Salatiel era um problema a ser eliminado, um opositor incômodo demais para continuar com microfone em mãos.
Micarla, no entanto, fez o jogo que sabe fazer: esperou o resultado eleitoral, sentou na cadeira, sorriu diplomática… e começou a lixar as arestas, ou melhor, polir o apresentador.
Tradução: Salatiel estava proibido de falar sobre a gestão de Nilda.
Era comentarista, mas não podia comentar. Era apresentador, mas não podia apresentar incômodos. Virou figura decorativa de luxo.
O primeiro golpe da tesoura política veio quando Salatiel deixou o programa da Rádio 95, pertencente ao Grupo Ponta Negra, entrando em seu lugar o amigo de Nilda, o “médico cirurgião”, ex-deputado e agora também radialista de ocasião, Gilson Moura.
O horário recebeu uma bolada em propraganda da prefeitura de Parnamirim. Coincidência?
É a clássica cirurgia política: corta-se quem incomoda e costura-se quem obedece.
Depois, veio Kelps Lima — sempre ele — com o toque final do enredo: prometeu reforço financeiro no contrato da prefeitura com a TV, aproveitando o momento difícil do setor comercial da emissora. Um aceno irresistível para quem enfrentava queda de receita. E Micarla, mais uma vez, cedeu aos encantos do “Menino do Alecrim”.
O resultado? Salatiel fora. Nilda comemorando o que acredita ser a eliminação de seu principal adversário. E Kelps fechando mais um capitulo da sua bem-sucedida engenharia política de bastidor.
Mas Nilda errou feio. Errou rude.
Achar que “matou” politicamente Salatiel — alguém que só não foi prefeito por 2,5% dos votos — é desconhecer completamente a dinâmica eleitoral da cidade. O apresentador é, sim, um adversário forte, com recall consolidado e presença espontânea no imaginário político de Parnamirim.
E, ao contrário do que eles acreditam, não foi enterrado. Foi provocado.
Se antes já era combativo, agora tem munição e motivação de sobra para atuar na oposição.
E, para quem pensa politicamente, sabe que isso não é o fim.
É o começo.
Mataram o microfone da emissora. Não o do eleitorado.
E disso, em Parnamirim, todo mundo sabe.
Em tempo: Micarla era só lembrar do passado bem recente. De como ficou sozinha, vitrine, família destroçada, intimidade que sempre foi tão bem guardada, esvoaçada nos blogs e jornais da época, na campanha de 2010 não podia sequer pedir votos para o marido num raio de 150 KM de Natal (eu estava lá);
Em tempo 2: hoje, achando que o furacão passou, vai na onda de quem lhe deu as costas, no papo de quem ajudou - como auxiliar na prefeitura - a lhe enterrar. Só quem sabe a dor que ela viveu é ela mesma;
Em tempo 3: cai novamente nos encantos eleitorais e dá as costas ao amigo comunicador com o pretexto da “política da boa convivência”. Errou de novo. Sobre Kelps: Micarla, Wober Jr, Paulinho Freire, Eudiane Macedo, Agnelo Alves, Carlos Eduardo, Álvaro Dias, Fátima Bezerra, João Maia e mais de uma centena de políticos do RN sabem do seu caráter, experimentaram suas peripécias;
Em tempo 4: então, sobre Kelps, Micarla não precisa ser alertada. Ela já foi vítima. Erra novamente. Fazer parte do plano para calar o amigo fiel de sempre é pura teimosia, e talvez não tenha outra chance de perdão.
