Uma das mais tradicionais famílias empresariais do Rio Grande do Norte atravessa um momento de forte tensão interna, com disputas que envolvem a gestão e o destino de um antigo grupo econômico ligado ao setor de exportações. O impasse, segundo fontes ouvidas pela reportagem, tem origem na decadência de um império empresarial que já foi referência no estado e que hoje se encontra em situação considerada crítica por parte dos acionistas minoritários.
De acordo com relatos, o grupo teria sofrido, ao longo dos anos, uma sangria financeira significativa, com transferência de recursos para empresas off shore no exterior, além do que é apontado como desvio de patrimônio por meio da constituição de empresas imobiliárias e agropecuárias registradas em nome de filhos e netos de antigos diretores.
“O que antes era um grupo sólido, gerador de empregos e riqueza, acabou sendo desmontado aos poucos, sem qualquer transparência com os demais membros da família”, afirmou uma fonte ligada aos acionistas minoritários, sob condição de anonimato.
Empresas inativas e estruturas mantidas
Segundo apuração, ao menos três empresas sediadas em paraísos fiscais teriam sido identificadas, além de diversas outras holdings vinculadas ao grupo. Embora essas empresas estejam há mais de 20 anos sem atividade produtiva, sem emissão de notas fiscais ou geração de empregos, elas ainda manteriam existência formal.
Ainda conforme as fontes, essas estruturas empresariais seriam utilizadas para sustentar a vinculação de duas federações sindicais, que mantêm assentos na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), o que geraria custos e benefícios institucionais ao sistema.
“São empresas que não produzem, não faturam e não empregam, mas continuam existindo no papel para sustentar posições e estruturas que interessam apenas a um pequeno grupo”, relatou outro integrante da família.
Reivindicação dos minoritários
Os irmãos e herdeiros minoritários afirmam que não buscam protagonismo na gestão atual, mas defendem uma solução que consideram justa. Segundo eles, o caminho esperado seria a liquidação das empresas e a recomposição do patrimônio de cada acionista, com base nos valores que teriam sido retirados ao longo de operações consideradas irregulares.
“O que se espera é uma solução digna: liquidar o que restou e devolver a cada acionista o que lhe é de direito. Não é vingança, é justiça patrimonial”, disse uma fonte próxima aos minoritários.
A revolta interna se intensifica diante da estimativa de que o patrimônio supostamente desviado ultrapasse a marca de 50 milhões de dólares valor que, segundo os envolvidos, ainda seria conservador.
Conflito em aberto
Até o momento, não há informações sobre ações judiciais formalizadas, mas o clima entre os familiares é descrito como de ruptura total, com possibilidade de judicialização do conflito. Procurados, representantes ligados à gestão atual do grupo preferiram não se manifestar.
O caso segue em apuração e deve ganhar novos desdobramentos nos próximos meses, à medida que documentos e informações forem analisados pelos envolvidos.
