Nesta terça-feira (22), a greve dos funcionários terceirizados dos hospitais do Rio Grande do Norte começou oficialmente, trazendo sérios impactos para os trabalhadores da saúde e pacientes. O movimento grevista, iniciado pelos profissionais da nutrição, higienização e maqueiros, resultou na suspensão do fornecimento de alimentação para os servidores em diversas unidades, incluindo o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, Hospital Santa Catarina, Hospital Regional de São José e Hospital Regional Tarcísio Maia.
A paralisação, motivada pela falta de pagamento de salários e vale-alimentação do mês de setembro, deixará as unidades de saúde sem o serviço completo até que a situação seja resolvida. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN), apenas 30% do efetivo está operando, conforme a legislação, o que resultou na redução drástica dos serviços essenciais, como a nutrição e o transporte de pacientes.
Impacto nas condições de trabalho e atendimento
No Walfredo Gurgel, a maior unidade hospitalar do estado, a greve já afeta diretamente o atendimento. Dos 12 maqueiros que costumam atuar no plantão diurno, apenas quatro estão trabalhando, insuficientes para atender a demanda dos dois prédios do hospital. Além disso, a lavanderia também está operando com um efetivo reduzido, o que compromete a higienização de materiais essenciais.
O Sindsaúde/RN destaca que a situação é grave, pois não apenas os trabalhadores da saúde estão enfrentando longos plantões sem alimentação, mas também os pacientes são impactados pela falta de pessoal. Em alguns casos, a escassez de maqueiros tem atrasado a realização de exames e transferências de pacientes entre setores, enquanto setores inteiros podem ficar desabastecidos de insumos críticos, como soro e material cirúrgico.
Negociações e reivindicações
O Sindsaúde/RN se manifestou em apoio à greve e voltou a criticar a ausência de soluções por parte do governo estadual. Segundo o sindicato, a falta de um plano de contingência para situações como essa agrava o caos nas unidades hospitalares. “Essa pauta já foi amplamente discutida nas mesas de negociação, mas o governo Fátima Bezerra (PT) nunca apresentou um plano B. O resultado é sempre o mesmo: os trabalhadores da saúde, que não têm culpa dessa situação, dando plantões longos e exaustivos com fome", afirmou um representante do sindicato.
O sindicato cobrou do governo estadual o pagamento imediato dos salários dos terceirizados e a regularização do fornecimento de alimentação para os servidores. Além disso, a entidade sugeriu a criação de um vale-alimentação emergencial para garantir que situações como essa não se repitam.
Falta de resposta oficial
Até o momento, o Governo do Estado do Rio Grande do Norte não se manifestou oficialmente sobre a greve dos terceirizados ou sobre a reivindicação de pagamento dos salários atrasados. A expectativa é que novas negociações aconteçam nos próximos dias, em um esforço para minimizar os impactos da paralisação nos serviços de saúde.
A greve dos terceirizados expõe mais uma vez os desafios da terceirização nos serviços públicos, especialmente em um setor tão essencial quanto a saúde. Enquanto os trabalhadores aguardam uma solução, a crise nas unidades de saúde do estado segue sem previsão de término, afetando não só os profissionais, mas também a população que depende dos hospitais para atendimento médico.